Saturday, May 8, 2010

Sol dá bobeira



É curioso que bastam dois dias ensolarados em Seattle e me esqueço dos quase 9 meses de frio e céu cinzento que tanto deixam as pessoas abatidas nessas terras do norte.

Sol em Seattle é um convite aberto para preparar alcachofras assadas, retornar ligações, comprar aspargos e melancia, abrir as janelas e sair dançando uma salsa pela sala. Fazer salada com salmão defumado dessas águas gélidas.

Dia de sol é dia de acordar cedo, fazer uma caminhada, dizer bom dia aos vizinhos. Pegar uma aulinha de dança afro, rolar de rir com outras pessoas acertando e errando os passos. É dia de caminhar bem devagar pra prestar atenção às flores e folhas novinhas que se preparam pra maravilhosa orgia da primavera.


Dia de sol em Seattle é dia de ver gente feliz, braços de fora, cachorro na coleira, preparando piquenique no parque ou na praia. Tudo fica simples, colorido, fácil, engraçado. Os mais saidinhos saem fantasiados de vaso, pirata, dançarina. Outros, mais radiciais, ainda pegam prancha ou ski no resto de neve nas montanhas. Tem gente que pesca nos lagos urbanos, que de peixe nada tem... ficam lá, tomando sol olhando o anzol, encantados. Os primeiros dias de sol aqui dão uma certa bobeira. Bobeira boa, encantada.

Por serem meio raros por aqui, os dias de sol puro e céu azul são como dias de dar e receber presentes.

Monday, May 3, 2010

Esperando milagres



 O gato da Gabi, que ainda mora comigo, tem a mania de brincar e subir nas cortinas quando eu fico fora de casa por muito tempo.

Voltei esta tarde pra ver que as duas cortinas da sala tinham desabado.  Pano e varas espalhados pelo chão. O gato, satisfeito, dormia nos panos.

Olhei os buracos dos parafusos na parede e saquei logo que eu precisaria de uma furadeira – e know-how pra fazer o treco funcionar . Não tenho nem um nem outro. Confesso que tive um lampejo melanino de esperança: talvez se eu lavar as cortinas a questão do buraco na parede se resolva por si só. É um jeito estranho é  de procastinar.

Olhei para as cortinas no chão com desânimo. Tirei todas as argolas e pus as cortinas na máquina de lavar. Pelo menos tenho uma máquina de lavar e paciência para costurar as argolas de volta.

De manhã, entro na sala e lá estão as cortinas limpas e a parede esperando os parafusos e os suportes. A luz do sol entra iluminando tudo. Bem bonito. Resolvo sair e deixar o assunto cortina para outra hora. Quem sabe quando eu voltar elas estejam recolocadas...por um anjo, talvez?

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 Pois, é... acabei arrumando as cortinas sozinha. Mas um anjo me emprestou uma furadeira! Adquiri o know-how na marra mesmo.