Graças à internet, ir ao banco ficou coisa quase do passado. 99% das transações podem ser feitas em casa, ou pelos sistemas telefônicos do I-phone ou Blackberry ou outros. Logo, logo, as agências bancárias se tornarão obsoletas... aqui, nos estados unidos.
Mas, eu gosto da agência do meu bairro. Passar por lá chega a ser um programa até bem legal. Minhas idas esporádicas são uma imersão na diversidade dessa cidade. E, como agências vão se tornando obsoletas, nunca tem fila. Se tem, em dias de pagamento, é de uma ou duas pessoas.
O gerente geral da minha agência é um carioca simpático que nos recebe com muito sorriso e conversa mole.
Sempre feliz em poder falar português. As vezes quebra uns galhos pra Gabi, mas não sei dos detalhes.
Os caixas são três: Uma senhora da Croacia, com quem troco receitas inéditas de todas as variações de iogurte feito em casa e repolho... charutos, sopas, ensopados...
Um outro, Ben, que demorou um tempão pra dizer que era chinês. Eu meio que desconfiava, por causa do sotaque aveludado com toques de brocado. Tinha certeza que ele não era coreano (não cheirava a loção pós barba a base de alho), nem japones (ele te olha nos olhos). Podia ser tailandes, ou vientnamita. Um dia, olhei olho nos olho e fiz a pergunta direta, contrariando todas as regras do politicamente correto – “ de onde você vem, Ben?”. Vermelho, ele disse que era chinês.Um garoto americano que tenta, com todos os panos, cobrir as tatuagens feitas em momentos de desvario... Pra conseguir o emprego no banco precisou costurar as orelhas furadas pelos piercings. Vai saber o que ele tem e carrega por baixo da roupa... A gente conversa sobre ser jovem, bares, shows, escolhas e opções de futuro. Futuro na vida pessoal, nunca sobre investimentos.
A gerente da minha conta jurídica não tem muito trabalho comigo. Ela é equatoriana. Não fazemos muitos negócios nem trasações, pois minha situação jurídica é um desastre. Mas gostamos de treinar o nosso portunhol.
E com minhas idas e vindas ao banco já sei falar “oi”, “como vai”, “tenha um bom dia”, “seja bemvindo” em chinês, espanhol, e croata. Ainda estou esperando o jantar prometido pelo carioca.
De qualquer forma, ir ao banco é um programa legal. Aprendo línguas, fico antenada em sotaques e, mais legal ainda... aprendo e vivencio a interação humana pura e simples, sem credo, nem classe, nem cor.
Por isso, escolho viver aqui... aprendo o tempo todo, não tenho medo das pessoas e, melhor ainda, como gente comum, transito livre entre as diverisades e distinções ... pelo menos no dia-a-dia. Nessa minha rotina, a cor da pele e o saldo bancário não afetam o contato humano. Por isso, continuo gostando daqui... cinquentona e aprendendo.