Tuesday, October 5, 2010

Terça, postando reflexões da sexta passada...

Dessa vez, fotos só no link to picasaweb... http://picasaweb.google.com/mcsxii/AbuDhabi#5524385608210783858

Sexta, dia santo. Tudo fica fechado até as 4 da tarde. Então, Nagila e eu aproveitamos o trânsito tranquilo da cidade para visitar alguns lugares chave para o festival de cinema. (Sou eu quem está dirigindo... um bom jeito de conhecer um lugar.)

Começamos visitando o mercado de peixes no cais dos barcos (dhows) pesqueiros. Um cheiro de matar qualquer um, mas os peixes pareciam vivos de tão frescos. Fiquei sem jeito de tirar fotos, dada a autencidade do lugar...

Pra refrescar e conhecer algumas das salas de cinema que serão usadas durante o festival, fomos ao shopping Marina, que dá vista linda para a cidade. Conferimos também os restaurantes e cafés do shopping pra eu saber onde levar os jurados entre um filme e outro. Como agora é a estação de outono, modelitos para o inverno nas lojas: botas, casacos, malhas, tudo em tons de preto e cinza. Não consigo imaginar usar essas roupas quando a temperatura lá fora é de 39º!

Visita ao Hotel Emirates Palace, onde ficarão os nossos escritórios a partir do meio da semana que vem. O lugar é absolutamente, absurdamente, vergonhosamente metido. Até a porta do elevador é de ouro! Pétalas de rosas (vai saber o carbon print de cada flor) lindamente espalhadas pelas pias do banheiro. No site do hotel, se vangloriam de serem “verdes”. Sem preocupação com o politicamente correto fico pensando que verdes são os dólares que eles gastam em ar condicionado e eletricidade num hotel como esse.

Li no jornal local que o lixo per capita dos Emirados é tres vezes superior ao dos EUA... e programas de reciclagem? Bem estão tentando resolver o problema.... por enquanto, jogam tudo nas areias do deserto. Bem, há um projeto piloto que conta com os semi-escravos indianos.

Confesso que continuo em estado confuso, quase de choque. Tanta opulência por um lado, tanta idolatria/adoração pelos criadores do projeto de desenvolvimento dos emirados, tantos estrangeiros de multinacionais cabaleantes e inseguras, tanta promoção/marketing de miragens mirablolantes nas areias... por outro lado, o de sempre... imigrantes paupérrimos, tomando chá nas calçadas, longe das famílias, em roda aproveitando o ar modorrento do final da tarde pra, ao que parece, fugir dos bunkers/dormitórios que servem como moradia comunitária. Ou mães filipinas trabalhando como manicures pra sustentar filhos na terra natal.

Olho sem tecer julgamento – afinal, nem a língua entendo quanto menos as nuances do tecido social. Mas que meu coração aperta, aperta... sem entender muito o porquê.

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